terça-feira, 5 de julho de 2011

Do lugar que sobra...

Gente, o post de hoje é para ler e pensar, analisando como as coisas podem ser simples ou complicadas, basta saber o ângulo da visão ou do desejo...
Esta é uma crônica publicada na revista.AG do jornal "A Gazeta" deste domingo, dia 03/07/2011. O jornal referido é de grande circulação aqui no estado do Espírito Santo. A autora é Maria Sanz Martins. Absorvam as palavras e as comprovações dos exemplos dados por ela!

Do lugar que sobra

Quando existe lugar vago, o que está ocupado não é disputado (Essa é uma tendência, não uma regra).

Ora, com outro assento disponível, é preciso uma boa justificativa, ou uma enorme força de vontade, para brigar pela vaga tomada.

Claro, nossos ancestrais foram muito mais competitivos que isso. Como se sabe, mesmo com a Terra inteira para ser explorada, eles viviam se engalfinhando em guerras e cruzadas, pelo domínio do maior volume possível de espaço. Hoje, teoricamente, mais civilizados, aprendemos a preservar os predicados da vida e somos, desde o nascimento, encorajados a economizar inimigos e evitar conflitos. Estamos programados para, depois de agarrar a melhor fatia que estiver disponível, torcer para não sermos incomodados.

Mais ou menos assim: quando o ônibus vem de lá apinhado, a gente fica agradecido por poder sentar naquele único banco vago e segue viagem satisfeito da vida. Mas, se por outro lado, a condução chega vazia, a gente fica procurando o assento ideal, depois segue viagem tenso, na expectativa de que ninguém se sente ao nosso lado.

Donde se conclui que, paradoxalmente, ficamos mais relaxados num ônibus lotado!
Como acontecia com nossos caros ancestrais, excesso de opção deixa o sujeito fominha, estressado. Já hoje, com o mundo absolutamente tomado, ficamos, eu diria... acomodados.
De modo geral, quase tudo funciona assim. Por exemplo, na família, quando nasce o segundo filho, ele não tem tanto trabalho: ocupa, naturalmente, o lugar que ainda estiver vago. Se o primogênito for o estudioso e comportado, o segundo vai ser o bagunceiro e levado; se a filha mais velha for a temperamental e ousada, provavelmente, a outra será a doce e delicada. Também não é só a coincidência que explica que na maioria dos casais, quando um é generoso, o outro acaba sendo mais egoísta; um, mais nervoso, o outro, ponderado; um corajoso, o outro, mais medroso.

No cotidiano, discretamente, também nos moldamos. Aliás, tem uma que eu mesma sempre faço: quando há na mesa alguém muito, mas muito engraçado, falante ou metido a gaiato, sem querer, acabo recolhendo minha própria graça. Não só por preguiça - aliás, sou competitiva à beça -, mas não é qualquer coisa que me arrasta pra guerra.

- Agora, quer ver um caso mais sério?

Na América do Norte, foi constatado que as mulheres estão ocupando lugar de maioria no mercado. Elas são a nova força de trabalho e, muitas vezes, também as provedoras da casa. Assim, não é de se estranhar que os pesquisadores estejam preocupados com o papel do gênero masculino neste novo quadro.

Um sintoma grave, segundo um dos psicólogos mais respeitados do mundo, Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford, é a fuga masculina da realidade. Em busca de estímulos, os homens estão se refugiando em mundos alternativos. Estatísticas apontam um número significativo nos níveis de envolvimento com internet, vídeo game e pornografia; e outro percentual alarmante no número de casos de abandono dos estudos e postos de trabalho.

Fugir parece mesmo uma alternativa, já que não deve ser nada fácil digladiar com a "mulher-Golias" de hoje em dia.

-Esta situação pede o espírito de Davi!

Você sabe, seja na América ou aqui, não tem coisa mais chata que homem acomodado. Acuado com essa nova atitude feminina de vir para cima; de ser mandona; de querer pagar a conta; e de ser, enfim, uma gigante.

Sim, ao meu ver, a mulher-faz-tudo está precisando de um "chega pra lá".

Mas, cuidado! Não esperamos que nos peçam para sair desse lugar - arduamente conquistado - aos berros. Isso seria inútil, além de indelicado.

O que nós secretamente desejamos é que nos peguem pelas mãos e nos conduzam, com carinho, até um assento mais confortável, mais calmo e com uma vista mais agradável.

E, finalmente, que o lugar do homem seja sempre o de um herói que nos resgate do caos instalado por essa nossa tentativa enlouquecida de ocupar todos os espaços.

Bem, agradeço a sua atenção e paciência por este longo post, mas achei que valia a pena dividir com todos essa leitura com tantas análises e constatações da atualidade.
Nada precisa ser encarado como regra, são apenas mudanças que precisam ser adequadas às novas exigências do mundo moderno.
E meu desejo é que as mulheres e os homens, estejam muito em breve, numa posição equilibrada satisfazendo as necessidades e realizações de cada um, sem que para isso haja detrimento do outro, que ninguém quer que seja apenas um ser acomodado e sem graça...
Bjsss

Um comentário:

raquel pedruzzi disse...

Me senti bem em guardar essa crônica no meu cantinho! Porque ela me tocou na essência, me fez parar pra pensar...
Falou de tantas coisas, mas ao final colocou um apêlo à igualdade, pondo fim à eterna disputa de força entre os sexos...
Porque tudo que se quer nessa vida é vivê-la bem... e com amor como tempero nas relações é só o que falta para apaziguar os ânimos acirrados nesta competição invisível dos tempos acelerados de hoje...
Bjsss